quarta-feira, 1 de abril de 2009
Arte
"O artista é o criador de coisas belas.
Revelar a arte e ocultar o artista é o objectivo da arte.
O crítico é aquele que consegue traduzir de outro modo ou em novo material a sua impressão das coisas belas.
A mais elevada, como a mais medíocre, forma de crítica é uma expressão autobiográfica.
Os que encontram significados disformes em coisas belas são corruptos sem agradarem, o que é um defeito.
Os que encontram belos significados em coisas belas são os cultos. Para esses há esperança.
São os eleitos para quem as coisas belas apenas significam Beleza.
Não existem livros morais ou imorais. Os livros são mal ou bem escritos. É tudo.
A antipatia do século XIX pelo realismo é a raiva de Caliban ao ver a sua cara ao espelho.
A vida moral do homem é assunto para o artista, mas a moralidade da arte consiste na perfeita utilização de um meio imperfeito. Um artista nãi quer provar coisa alguma. Até as coisas verdadeiras podem ser provadas.
Um artista não tem simpatia éticas. Uma simpatia ética num artista é um maneirismo de estilo imperdoável.
Um artista nunca é morbido. O artista pode exprimir tudo.
Para o artista, o pensamento e a linguagem são instrumentos de uma arte.
Para o artista, o vício e a virtude são matéria de uma arte.
Do ponto de vista formal, o modelo de todas as artes é a arte do músico. Do ponto de vista sentimental, o trabalho do actor é o modelo.
Toda a arte é simultaneamente superfície e símbolo.
Os que penetram para lá da superfície, fazem-no a suas próprias expensas.
O que a arte espelha realmente é o espectador e não a vida.
A diversidade de opinião sobre uma obra de arte revela que a obra é nova, complexa e vital.
Podemos perdoar um homem que faça uma coisa útil desde que não a admire. A única desculpa para fazer uma coisa inútil é ser objecto de intensa admiração.
Toda a arte é perfeitamente inútil.
(Prefácio do Livro "O Retrato de Dorian Gray" de Oscar Wilde)
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